domingo, 18 de maio de 2014

E era só uma água

Transitando de ônibus pelas ruas da metrópole, divagamos sobre o inchaço urbano e a degradação ambiental:

- Dá um ligo, o Tamanduateí. Só lixo e esgoto. E ali na frente, o Tietê.
- Pode crer. No Tietê ainda tem uns lugares onde é tratado, abastece e tudo mais. E o rio Pinheiros? Ninguém faz nada.
- Na verdade o Pinheiros é um córrego, só tem volume de rio devido a poluição.
- Foda!

Seguimos o caminho. Contemplamos o que deveria ser a grande várzea do Tietê, o sossego e o contato com a natureza que se viveu.

- Imagina na época dos índios: batia uma bola, fumava um cachimbo e dava um gúio no rio.
- Até mesmo recentemente, as regatas.
- Ainda era bom né?!

Migramos, como é de costume, para outros assuntos, mais propriamente políticos.

- Chegamos! Cidade Natureza! Como esse lugar [ainda] é bom!



Entre um baseado e outro, pinta aquela sede:

- Vamo' comprar uma água, ali no Bob's?
- Demorou!

O pior lugar para fazê-lo. Quase não se sabe que se vende água nesses lugares. As grandes vedetes são os milkshakes e os refrigerantes. Só queríamos dois copos com água.

- Entra aí na fila.



Dois caras na nossa frente. Pensando no que iriam comer. Demora. Chega nossa vez. A atendente mecanicamente recita seu texto padrão de grande rede de fast-food. Pergunto:

- Quanto é a água?

- O copo custa R$2,20 e a água com gás custa R$4,00.
- Dois copos, por favor.

A atendente grita para uma colega lá do fundo vir pegar os copos. Quase um minuto depois, aparece alguém para nos entregar o pedido. Agradeço cordialmente. Eric vira pra mim e atesta:
- Mano, foi a água mais difícil que já comprei. Toda uma novela, todo um drama, uma ceninha. E era só uma água.

E era só uma água.

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