sábado, 14 de junho de 2014

14 DE JUNHO DE 2012, UNIFESP, CAMPUS GUARULHOS

Ataque dos coxinhas
Dia em que a PM invadiu o campus de humanidades da distinta universidade, a pedido do, então, diretor acadêmico, Marcos Cezar, para reprimir uma manifestação pacífica, uma semana depois de reabrirem os portões do campus, devido a reintegração de posse.
Havia uma greve contando com mais de cem dias...
Havia uma greve nacional da educação...
Duas ocupações haviam passado, sendo a última de 13 dias e 48 estudantes presos...
Uma semana com os portões trancados...
Estudantes algemados na delegacia
Havia naquele dia estudantes, funcionários, crianças, moradores do bairro, visitantes protestando por tanta brutalidade...
Não haviam Black Blocs na faculdade, nem mesmo no Brasil...

Havia sim, como sempre houve, a Policia Militar como ela sempre agiu, especialmente na periferia e longe da imprensa. Havia a brutalidade de sempre.

BALAS DE BORRACHA, BOMBAS E MAIS BOMBAS E DEZENAS DE FERIDOS, FORA OS 25 ESTUDANTES PRESOS!!!

Saudade desse camarada!
Fora a tortura física, psicológica e moral, o assédio sexual sofrido pelas meninas, os puxões de cabelo e os tapas na cara.

Um estudante foi atingido por um tiro no rosto, outra por uma bomba na perna, diversos ficaram com marcas de borracha pelo corpo, um deles, cometeu suicídio nas dependências da Unifesp seis meses depois!

Acusados de "depredação", "constrangimento ilegal" (nunca entendi isso, como se pudesse existir um tipo de "constrangimento legal") e "formação de quadrilha". 
Vigília na porta da delegacia
Três bravos companheiros desta luta ainda respondem processo.

Muitos ainda estão na Luta, uma Luta que cresceu de um ano para cá como nenhum de nós ali presentes fosse capaz de imaginar.

Para os que ainda pensam que manifestação é novidade em terras tupiniquins, saiba que tem gente lutando à muito tempo por aí, e sempre tomamos borrachada, embora muitos ainda acreditem em vandalismo.

40 horas depois, nossa soltura e a alegria do reencontro.
Nunca uma ocasião me emocionou tanto!
Nunca imaginei que tivesse tantos amigos,
tantos companheiros, que pertencesse a um
coletivo humano como foi naquela madrugada!
Para os companheiros de sempre, um Forte Braço, lembrando que a Luta continua e que, "Na Luta do Povo, Ninguém se Cansa!"

Companheiro Luiz, sempre estará presente!


NÃO, UNIFESP!
NÓS NÃO ESQUECEREMOS!



Fábio José

domingo, 18 de maio de 2014

E era só uma água

Transitando de ônibus pelas ruas da metrópole, divagamos sobre o inchaço urbano e a degradação ambiental:

- Dá um ligo, o Tamanduateí. Só lixo e esgoto. E ali na frente, o Tietê.
- Pode crer. No Tietê ainda tem uns lugares onde é tratado, abastece e tudo mais. E o rio Pinheiros? Ninguém faz nada.
- Na verdade o Pinheiros é um córrego, só tem volume de rio devido a poluição.
- Foda!

Seguimos o caminho. Contemplamos o que deveria ser a grande várzea do Tietê, o sossego e o contato com a natureza que se viveu.

- Imagina na época dos índios: batia uma bola, fumava um cachimbo e dava um gúio no rio.
- Até mesmo recentemente, as regatas.
- Ainda era bom né?!

Migramos, como é de costume, para outros assuntos, mais propriamente políticos.

- Chegamos! Cidade Natureza! Como esse lugar [ainda] é bom!



Entre um baseado e outro, pinta aquela sede:

- Vamo' comprar uma água, ali no Bob's?
- Demorou!

O pior lugar para fazê-lo. Quase não se sabe que se vende água nesses lugares. As grandes vedetes são os milkshakes e os refrigerantes. Só queríamos dois copos com água.

- Entra aí na fila.



Dois caras na nossa frente. Pensando no que iriam comer. Demora. Chega nossa vez. A atendente mecanicamente recita seu texto padrão de grande rede de fast-food. Pergunto:

- Quanto é a água?

- O copo custa R$2,20 e a água com gás custa R$4,00.
- Dois copos, por favor.

A atendente grita para uma colega lá do fundo vir pegar os copos. Quase um minuto depois, aparece alguém para nos entregar o pedido. Agradeço cordialmente. Eric vira pra mim e atesta:
- Mano, foi a água mais difícil que já comprei. Toda uma novela, todo um drama, uma ceninha. E era só uma água.

E era só uma água.

sábado, 8 de março de 2014

8 de março

Já há algum tempo venho refletindo sobre o assunto, mas aproveitando esse 8 de março, decidi publicar uma espécie de manifesto-desabafo:

Como o macho é ridículo, e como o machismo é perigoso e insano.

Quando crianças, somos estimulados a sermos bons de briga, a brincar de lutinha, a olhar por baixo da saia das meninas, a mostrar o bigulinho.

Mais crescidinhos, nos ensinam que os frutinhas, delicados, são seres humanos de segunda categoria. E que temos que pegar no peitinho da coleguinha.

Depois, temos que ser os garanhões, pegadores. Quem não pega ninguém é virjão ou viadinho.

Já adultos, devemos mexer com as moças na rua e babar feito lobos quando elas passam por nós. No trânsito, devemos ser agressivos, derrubar motoqueiros vagabundos, passar por cima de carros com nossos caminhões ou largar o volante e encher o próximo de porrada.

Macho que é macho bebe até cair.

E as mulheres?

Tem que brincar de casinha, para cuidar da casa.

Não podem sentar de perna aberta. Tem que se dar ao respeito.

Só podem namorar depois de crescida, senão fica falada. E tem que casar logo, senão fica para titia.

Tem que vestir roupas decentes, para não provocarem.

Tem que pilotar o fogão, porque não entendem nada de carro.

Mulher que bebe só dá vexame.

Tudo que expus aqui não é 1/10 da exploração, opressão e violência pela qual as mulheres passam diariamente.

E ainda dizem que é bobagem um Dia Internacional de Luta da Mulher, e que o Feminismo é desnecessário.

Fica aqui um humilde e sincero ¡Venceremos! a todxs companheirxs engajadxs na luta!