No caminho para o Metrô, em meio a comentários machistas a respeito do comprimento dos shorts da jovem e o cabelo do rapaz, ouço uma opinião:
"- Essa molecada fumando maconha na rampa de skate, se perdem cedo!"
Disse o velho decrépito, se afogando entre torresmos e cervejas no boteco da esquina.
Aparelho
tecido de células revolucionárias
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
Mó amigos
"Tem
uns baratos que não dá pra perceber
que
tem mó valor e você não vê"
São
Miguel Paulista. Avenida Nordestina. Sol da manhã, brisa fresca de verão.
"Vou
a pé!"
Acendo
um 'paiêro' e vou observando o movimento: trabalhadores, estudantes, donas de
casa, crianças, o tráfego dos automóveis. Inúmeros ônibus em seus corredores,
levando e trazendo gentes dos mais variados tipos. De repente, lentidão, e
consequente buzinaço.
"Opa,
e aí, beleza?"
"Fala meu querido!"
O
técnico da Vivo, dirigindo seu carro de serviço, desacelera e emparelha ao lado
do imenso ônibus articulado, que balança no gingado da sanfona. Os motoristas
de ambos veículos param no sinal fechado e engatam no maior papo. Só percebem
que o semáforo abriu após o protesto das buzinas dos condutores impacientes
logo atrás.
Todos seguem seus destinos.
As
grandes amizades não reconhecem o Código de Trânsito.
sábado, 14 de junho de 2014
14 DE JUNHO DE 2012, UNIFESP, CAMPUS GUARULHOS
Ataque dos coxinhas |
Dia em que a PM invadiu o campus de humanidades da distinta universidade, a pedido do, então, diretor acadêmico, Marcos Cezar, para reprimir uma manifestação pacífica, uma semana depois de reabrirem os portões do campus, devido a reintegração de posse. |
Havia uma greve nacional da educação...
Duas ocupações haviam passado, sendo a última de 13 dias e 48 estudantes presos...
Uma semana com os portões trancados...
Estudantes algemados na delegacia |
Havia naquele dia estudantes, funcionários, crianças, moradores do bairro, visitantes protestando por tanta brutalidade...
Não haviam Black Blocs na faculdade, nem mesmo no Brasil...
Havia sim, como sempre houve, a Policia Militar como ela sempre agiu, especialmente na periferia e longe da imprensa. Havia a brutalidade de sempre.
BALAS DE BORRACHA, BOMBAS E MAIS BOMBAS E DEZENAS DE FERIDOS, FORA OS 25 ESTUDANTES PRESOS!!!
Saudade desse camarada! |
Fora a tortura física, psicológica e moral, o assédio sexual sofrido pelas meninas, os puxões de cabelo e os tapas na cara.
Um estudante foi atingido por um tiro no rosto, outra por uma bomba na perna, diversos ficaram com marcas de borracha pelo corpo, um deles, cometeu suicídio nas dependências da Unifesp seis meses depois!
Acusados de "depredação", "constrangimento ilegal" (nunca entendi isso, como se pudesse existir um tipo de "constrangimento legal") e "formação de quadrilha".
Vigília na porta da delegacia |
Três bravos companheiros desta luta ainda respondem processo.
Muitos ainda estão na Luta, uma Luta que cresceu de um ano para cá como nenhum de nós ali presentes fosse capaz de imaginar.
Para os que ainda pensam que manifestação é novidade em terras tupiniquins, saiba que tem gente lutando à muito tempo por aí, e sempre tomamos borrachada, embora muitos ainda acreditem em vandalismo.
Para os companheiros de sempre, um Forte Braço, lembrando que a Luta continua e que, "Na Luta do Povo, Ninguém se Cansa!"
Companheiro Luiz, sempre estará presente!
NÃO, UNIFESP!
NÓS NÃO ESQUECEREMOS!
Fábio José
domingo, 18 de maio de 2014
E era só uma água
Transitando de ônibus pelas ruas da metrópole, divagamos sobre o inchaço urbano e a degradação ambiental:
- Dá um ligo, o Tamanduateí. Só lixo e esgoto. E ali na frente, o Tietê.
- Pode crer. No Tietê ainda tem uns lugares onde é tratado, abastece e tudo mais. E o rio Pinheiros? Ninguém faz nada.
- Na verdade o Pinheiros é um córrego, só tem volume de rio devido a poluição.
- Foda!
Seguimos o caminho. Contemplamos o que deveria ser a grande várzea do Tietê, o sossego e o contato com a natureza que se viveu.
- Imagina na época dos índios: batia uma bola, fumava um cachimbo e dava um gúio no rio.
- Até mesmo recentemente, as regatas.
- Ainda era bom né?!
Migramos, como é de costume, para outros assuntos, mais propriamente políticos.
- Chegamos! Cidade Natureza! Como esse lugar [ainda] é bom!
Entre um baseado e outro, pinta aquela sede:
- Vamo' comprar uma água, ali no Bob's?
- Demorou!
O pior lugar para fazê-lo. Quase não se sabe que se vende água nesses lugares. As grandes vedetes são os milkshakes e os refrigerantes. Só queríamos dois copos com água.
- Entra aí na fila.
Dois caras na nossa frente. Pensando no que iriam comer. Demora. Chega nossa vez. A atendente mecanicamente recita seu texto padrão de grande rede de fast-food. Pergunto:
- Quanto é a água?
- O copo custa R$2,20 e a água com gás custa R$4,00.
- Dois copos, por favor.
A atendente grita para uma colega lá do fundo vir pegar os copos. Quase um minuto depois, aparece alguém para nos entregar o pedido. Agradeço cordialmente. Eric vira pra mim e atesta:
- Mano, foi a água mais difícil que já comprei. Toda uma novela, todo um drama, uma ceninha. E era só uma água.
E era só uma água.
- Dá um ligo, o Tamanduateí. Só lixo e esgoto. E ali na frente, o Tietê.
- Pode crer. No Tietê ainda tem uns lugares onde é tratado, abastece e tudo mais. E o rio Pinheiros? Ninguém faz nada.
- Na verdade o Pinheiros é um córrego, só tem volume de rio devido a poluição.
- Foda!
Seguimos o caminho. Contemplamos o que deveria ser a grande várzea do Tietê, o sossego e o contato com a natureza que se viveu.
- Imagina na época dos índios: batia uma bola, fumava um cachimbo e dava um gúio no rio.
- Até mesmo recentemente, as regatas.
- Ainda era bom né?!
Migramos, como é de costume, para outros assuntos, mais propriamente políticos.
- Chegamos! Cidade Natureza! Como esse lugar [ainda] é bom!
Entre um baseado e outro, pinta aquela sede:
- Vamo' comprar uma água, ali no Bob's?
- Demorou!
O pior lugar para fazê-lo. Quase não se sabe que se vende água nesses lugares. As grandes vedetes são os milkshakes e os refrigerantes. Só queríamos dois copos com água.
- Entra aí na fila.
Dois caras na nossa frente. Pensando no que iriam comer. Demora. Chega nossa vez. A atendente mecanicamente recita seu texto padrão de grande rede de fast-food. Pergunto:
- Quanto é a água?
- O copo custa R$2,20 e a água com gás custa R$4,00.
- Dois copos, por favor.
A atendente grita para uma colega lá do fundo vir pegar os copos. Quase um minuto depois, aparece alguém para nos entregar o pedido. Agradeço cordialmente. Eric vira pra mim e atesta:
- Mano, foi a água mais difícil que já comprei. Toda uma novela, todo um drama, uma ceninha. E era só uma água.
E era só uma água.
sábado, 8 de março de 2014
8 de março
Já há algum tempo venho refletindo sobre o assunto, mas aproveitando esse 8 de março, decidi publicar uma espécie de manifesto-desabafo:
Como o macho é ridículo, e como o machismo é perigoso e insano.
Quando crianças, somos estimulados a sermos bons de briga, a brincar de lutinha, a olhar por baixo da saia das meninas, a mostrar o bigulinho.
Mais crescidinhos, nos ensinam que os frutinhas, delicados, são seres humanos de segunda categoria. E que temos que pegar no peitinho da coleguinha.
Depois, temos que ser os garanhões, pegadores. Quem não pega ninguém é virjão ou viadinho.
Já adultos, devemos mexer com as moças na rua e babar feito lobos quando elas passam por nós. No trânsito, devemos ser agressivos, derrubar motoqueiros vagabundos, passar por cima de carros com nossos caminhões ou largar o volante e encher o próximo de porrada.
Macho que é macho bebe até cair.
E as mulheres?
Tem que brincar de casinha, para cuidar da casa.
Não podem sentar de perna aberta. Tem que se dar ao respeito.
Só podem namorar depois de crescida, senão fica falada. E tem que casar logo, senão fica para titia.
Tem que vestir roupas decentes, para não provocarem.
Tem que pilotar o fogão, porque não entendem nada de carro.
Mulher que bebe só dá vexame.
Tudo que expus aqui não é 1/10 da exploração, opressão e violência pela qual as mulheres passam diariamente.
E ainda dizem que é bobagem um Dia Internacional de Luta da Mulher, e que o Feminismo é desnecessário.
Fica aqui um humilde e sincero ¡Venceremos! a todxs companheirxs engajadxs na luta!
Como o macho é ridículo, e como o machismo é perigoso e insano.
Quando crianças, somos estimulados a sermos bons de briga, a brincar de lutinha, a olhar por baixo da saia das meninas, a mostrar o bigulinho.
Mais crescidinhos, nos ensinam que os frutinhas, delicados, são seres humanos de segunda categoria. E que temos que pegar no peitinho da coleguinha.
Depois, temos que ser os garanhões, pegadores. Quem não pega ninguém é virjão ou viadinho.
Já adultos, devemos mexer com as moças na rua e babar feito lobos quando elas passam por nós. No trânsito, devemos ser agressivos, derrubar motoqueiros vagabundos, passar por cima de carros com nossos caminhões ou largar o volante e encher o próximo de porrada.
Macho que é macho bebe até cair.
E as mulheres?
Tem que brincar de casinha, para cuidar da casa.
Não podem sentar de perna aberta. Tem que se dar ao respeito.
Só podem namorar depois de crescida, senão fica falada. E tem que casar logo, senão fica para titia.
Tem que vestir roupas decentes, para não provocarem.
Tem que pilotar o fogão, porque não entendem nada de carro.
Mulher que bebe só dá vexame.
Tudo que expus aqui não é 1/10 da exploração, opressão e violência pela qual as mulheres passam diariamente.
E ainda dizem que é bobagem um Dia Internacional de Luta da Mulher, e que o Feminismo é desnecessário.
Fica aqui um humilde e sincero ¡Venceremos! a todxs companheirxs engajadxs na luta!
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Renato
Nesse clima de mês das crianças, lembrei-me de uma das minhas fotos favoritas:
É impossível contar a minha história sem falar do Renato, meu irmão. 4 anos e 6 meses mais velho do que eu, é a pessoa que melhor me conhece e esteve presente (senão fisicamente, espiritualmente) em todos os momentos marcantes da minha vida, desde os primeiros passos até hoje.
Renato não é irmão apenas pelo fato de termos o mesmo pai e a mesma mãe; é o cara que me ensinou a jogar futebol de botão, videogame, andar de bicicleta e patins; me ensinou a escrever (e pixar), a falar gíria e palavrão (um privilégio, pois os irmãos mais velhos estão na vanguarda desses assuntos); me ensinou a gostar de Rock e a andar de moto; além disso tudo, me ensinou grande parte do que é viver.
Sempre que conto a alguém sobre ele, comentam: "Nossa, você adora seu irmão, né?"
Mais que isso, é a pessoa que mais amo e mais quero bem no mundo. Às vezes vejo irmãos que pouco se falam, ou que não tem afinidade. Não é nosso caso; somos grandes amigos, confidentes, companheiros de vida e de luta.
Renato é mais que um irmão, é metade de mim.
Feliz aniversário Rê! Que essas 27 primaveras sejam apenas o início de uma vida longa e virtuosa.
Com amor,
Ninit
Renato e Leandro, 1995 |
É impossível contar a minha história sem falar do Renato, meu irmão. 4 anos e 6 meses mais velho do que eu, é a pessoa que melhor me conhece e esteve presente (senão fisicamente, espiritualmente) em todos os momentos marcantes da minha vida, desde os primeiros passos até hoje.
Renato não é irmão apenas pelo fato de termos o mesmo pai e a mesma mãe; é o cara que me ensinou a jogar futebol de botão, videogame, andar de bicicleta e patins; me ensinou a escrever (e pixar), a falar gíria e palavrão (um privilégio, pois os irmãos mais velhos estão na vanguarda desses assuntos); me ensinou a gostar de Rock e a andar de moto; além disso tudo, me ensinou grande parte do que é viver.
Sempre que conto a alguém sobre ele, comentam: "Nossa, você adora seu irmão, né?"
Mais que isso, é a pessoa que mais amo e mais quero bem no mundo. Às vezes vejo irmãos que pouco se falam, ou que não tem afinidade. Não é nosso caso; somos grandes amigos, confidentes, companheiros de vida e de luta.
Renato é mais que um irmão, é metade de mim.
Feliz aniversário Rê! Que essas 27 primaveras sejam apenas o início de uma vida longa e virtuosa.
Com amor,
Ninit
terça-feira, 16 de abril de 2013
Puta Sequela na Segurança Virtual!
O amigo leitor desta semana sempre foi muito cuidadoso com os flagrantes dentro de casa mas deu mole de sair e deixar pc ligado com o Facebook aberto. Foi quando a mãe entrou no histórico de conversa do filho e descobriu conversas que deixavam claro que o rapaz fazia parte do grupo de maconheiros da região.
A descoberta foi tensa! Aos prantos, a mãe começou dizendo que temia pela vida do filho, pois ele estava envolvido com os "bandidos" da cidade. Foi praticamente inútil falar (com argumentos científicos) sobre a baixa lesividade da maconha. A mãe rebateu com dizendo que apesar de ser “leve” a maconha funciona como porta de entrada para outras drogas.
Mais uma vez ele tentou usar a ciência para desqualificar o tosco mito da porta de entrada e completar falando das experiências de legalização e descriminalização em outros países. "Neste momento eles forçadamente mudaram de assunto. Sei que eles nunca vão aceita meu hábito e não sei o que fazer. Perante isso e gostaria da ajuda de vocês."
"O que me resta agora é tentar de tudo para conseguir alcançar uma vida sem eles, morando sozinho e pagando minhas próprias contas."
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